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Laganja Estranja revela ser mulher trans: ‘Eu me sinto tão linda’

Laganja Estranja inicia um novo capítulo de sua vida como uma mulher trans cheia de orgulho: “A parte das roupas? Isso eu domino, mas não é isso que faz de você uma mulher”.

🕓 5 min de leitura

A lenda de RuPaul’s Drag Race, Laganja Estranja, está entrando em um novo capítulo de sua vida como uma orgulhosa mulher trans. A artista de 32 anos e ativista em prol da cannabis fez a revelação para a EW:

“Há tantas outras mulheres ao meu redor que me inspiraram a revelar quem sou hoje, e é por causa de sua luta e sua dificuldade que sou capaz de realmente fazer isso e dizer que estou nervosa, mas não estou assustada. Não vou mais viver minha vida com medo”.

Estranja diz que depois de “performar feminilidade nos últimos 10 anos” como uma artista drag, ela assumiu sua identidade enquanto estava no palco de uma forma que “tornou-se mais explicável para as massas”, mas, em 2021, ela está vivendo sua verdade para uma pessoa apenas: ela mesma.

“Eu quero ser capaz de expressar isso em todos os momentos. Acabei de cortar o cabelo – um corte bem feminino – e em uma semana já, minha vida mudou. Sou capaz de sair do palco e tirar minha maquiagem e ainda ver uma linda mulher no espelho. É poderoso”.

A nativa do Texas, que ganhou destaque graças à sua personalidade extravagante na 6ª temporada de RuPaul’s Drag Race em 2014, diz que se revelou para sua família “incrivelmente apoiadora” há uma semana, mas tem estado “confortavelmente, totalmente comprometida” com quem ela é como uma mulher trans em seu círculo íntimo por um ano, depois de ter revelado sua verdade a amigos em seu aniversário em 2020.

Mesmo sem ser questionada, ela fornece informações sobre sua transformação física, enfatizando que é importante para ela destacar esta parte de sua história – que envolve deliberadamente se expor antes de iniciar a terapia hormonal – para enfatizar que a transição de ninguém é a mesma e que todos merecem o espaço, o tempo e o amor para se revelarem em seus próprios termos, em qualquer idade e em qualquer ponto físico de sua trajetória pessoal. Ela então explica:

“Isso virá. Glamour não faz de você uma mulher; faz de você uma mulher para as pessoas de fora, no mundo… o gênero é performativo, e o que vestimos é uma extensão do que nós sentimos por dentro. Essa é a verdade real aqui: quando isso for lançado e as pessoas souberem, estarei mais livre para explorar o que significa ser uma mulher por dentro. A parte das roupas? Isso eu domino, mas não é isso que faz de você uma mulher”.

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Para Estranja, chegar a um local de conforto demorou. Ela primeiro disse aos outros que era não-binária, tanto como um alívio para ela e para aqueles ao seu redor, porque muitas vezes se sentia presa pela pressão para se ajustar às restrições de gênero construído. Ela explica:

“As pessoas pensam que quando você é trans que você queria ser uma garota por toda a vida; sim, isso é parcialmente verdade [para mim], mas também é verdade que eu queria ser homem a minha vida inteira para me encaixar ao que a sociedade considera normal. Mas, essa não é a minha verdade, e estou ousando assumir isso. Tentei ser homem e viver no meio termo e não-binária. A verdade é que sou uma entidade feminina e posso viver esta vida”.

Ainda assim, sua transição será uma homenagem à pessoa que lançou as bases para este momento nas últimas três décadas de vida. Ela não planeja mudar seu nome de drag ou seu nome de nascimento; ela ainda vai se apresentar como Laganja Estranja, e ser tratada como Jay entre os mais próximos dela, então ela sente que “não vai virar as costas” aos tijolos que construíram a mulher que ela é hoje – muitos dos quais, ela revela, veio a ela de maneiras inesperadas, como a vez em que ela se lembra de sentir seu cabelo natural crescendo o suficiente para tocar seu pescoço pela primeira vez no ano passado, quando a pandemia global interrompeu sua programação regular de corte de cabelo a cada duas semanas.

“Quando meu cabelo real começou a crescer, lembro-me dele tocando minha nuca, e isso é engraçado, porque as perucas tocavam minha nuca desde sempre, mas era meu cabelo real; minha verdade real estava me tocando fisicamente de alguma maneira”.

Ela compartilha que algo tão simples como fazer drag com seu cabelo natural versus uma peruca atraiu críticas de membros cis da comunidade no passado – algo que “não é justo”, embora ela tenha se preparado para isso assistindo sua irmã de elenco da S6 de Drag Race e amiga íntima, Gia Gunn, enquanto a dupla morava junto.

“Sinto-me abençoada por ter tido essa experiência. Nossas transições são diferentes e se manifestarão de maneiras diferentes, mas foi incrível ver alguém viver sua verdade e ser feliz”, disse Estranja, que se juntou a outras participantes de Drag Race como Gia Gunn, Gottmik, Peppermint, Kylie Sonique Love, Jiggly Caliente, Carmen Carrera, Kenya Michaels, entre outras, que se revelaram trans, antes, durante ou depois de sua passagem pelo show.

“Estou muito grata por Gia não ter me pressionado e me permitido usar o meu tempo. Claro que ela me encorajou. Desde o primeiro dia, quando nos conhecemos, ela disse, ‘Oh querida, você é uma mulher!’ Ela sabia há mais tempo do que eu!”

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Ela continua sobre Gunn:

“Ela me permitiu usar meu tempo e continuou a apoiar… vendo fisicamente sua mudança e o fato de que ela foi capaz de viver uma vida feliz e ter amores e namorados – todas as coisas, que eu acredito que mulheres trans se preocupam quando elas se revelam – me deram esperança e encorajamento”.

Laganja Estranja e Gia Gunn na DragCon LA 2009.

Mas, para mais do que para si mesma, Estranja sente que é sua responsabilidade se apresentar em uma plataforma pública durante o mês do Orgulho LGBT para ajudar a facilitar a jornada de outras pessoas que possam estar em conflito sobre suas identidades.

“Ser uma drag queen em si é inerentemente político, e ser trans é ainda mais. Quanto mais pessoas como Elliot Page se apresentam como trans, como Demi Lovato se apresenta como não-binárias, mais a paisagem pode mudar e mais as pessoas mudam para aceitar a verdade. Gênero é uma construção, e todos nós estamos destruindo isso”, diz ela, observando que está fazendo parceria com a organização FOLX para ajudar a fornecer planos de saúde para outras pessoas trans.

“Vou fazer parte de uma onda de mudança”, ela conclui, esperando que agora possa usar sua voz para afetar a mudança tanto social quanto politicamente – especialmente em um ano em que um número recorde de projetos de lei anti-trans foram introduzidos em todo os Estados Unidos da América.

“Estou tão feliz. Me sinto tão linda e empoderada e, finalmente, estou olhando para trás, para quem eu sou no espelho, e é uma sensação incrível. Se alguém está lutando com isso, respire e aceite, porque, depois de fazer isso, é incrivelmente fortalecedor”.

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