Após um acidente cósmico que aniquilou diversos planetas, a terra foi invadida por seres interplanetários. Um deles foi visto pintado de azul na televisão. Com esta criatura você aprendeu que anus-thing is possible e que, se não for estampa de leopardo, não é revelante.
“Saudações, terráqueos. Meu nome é Alaska Thunderfuck 5000, do planeta Glamtron. Qual é a sua? Eu vim para ser ouvida hoje a noite, então, vamos deixar nossos cumprimentos fora do caminho agora. Devemos? Minha mensagem para a raça humana é realmente bastante simples: Hieeee”.
Primeiro contato interplanetário feito, agora você pode ser abduzido por ela, Alaska, segunda colocada na quinta temporada de RuPaul’s Drag Race, exibida de 28 de janeiro à seis de maio de 2013; e vencedora da segunda edição do spin-off All Stars, transmitido a partir de 25 de agosto de 2016.
Mas não se deixe levar por estas datas, caro leitor, afinal, a biografia da mãe da Lil’ Poundcake começa antes dela participar do show, ainda em 2007, com seus primeiros passos como drag queen.
Alaska é uma criação de Justin Honard, um americano nascido a seis de março de 1985, em Erie, Pensilvânia. Em 14 anos de atividade profissional, sua drag se tornou o que comumente chamamos aqui no Brasil de ‘pau pra toda obra’: cantora, compositora, atriz e podcaster, sua presença online é acompanhada por milhões de pessoas nas redes sociais.
Atualmente, depois de também participar do reality show “Scared Famous”, Alaska já lançou quatro álbuns de estúdio: Anus (2015), Poundcake (2016), Amethyst Journey (com Jeremy Mikush, em 2018) e Vagina (2019); dezenas de singles, próprios, em grupo ou parcerias, além de decretar sua própria dinastia, com o “Drag Queen of the Year Pageant Competition Award Contest Competition”.
“Com tantas incógnitas, levar o Pageant para o formato digital foi um risco – mas definitivamente valeu a pena. Cada um desses excelentes artistas trouxe tanto talento, tanta inovação e tanta inspiração para todas as categorias, e eu não poderia estar mais feliz. Ainda bem que não fui juiz, pois escolher um vencedor deste grupo de 8 artistas exemplares era uma tarefa aparentemente impossível, mas envio os meus parabéns ao Tenderoni que sei que vai levar esta coroa e este título com elegância e graça. Mas a todos os concorrentes – estendo meus mais profundos agradecimentos e garanto a todos que a inspiração que vocês deram ao mundo continuará a ecoar e reverberar em todo o mundo pelas eras que virão”, conta Alaska.
Idealizado em conjunto com Lola Lecroix, esta competição se consolidou como uma opção viável para todas as facetas possíveis que drag, enquanto arte, pode assumir. Um bom exemplo da mente empreendedora de Alaska que, não contente de transitar por diversas linguagens artísticas, ainda reserva uma surpresa.
Hoje, dia 15 de abril, por meio da OUTtv USA, Alaska estreia seu primeiro projeto voltado unicamente para o stand-up: “The Alaska Thunderfuck Extra Special Comedy Special. No roteiro, em paralelo as piadas, canções autorais e convidados especiais, Alaska propõe ao público uma reflexão sobre o humor que vai além do que devia e responde a pergunta que não quer calar: o glamour é glamouroso demais?
“Fazer um especial de comédia é muito fora da minha zona de conforto, no entanto, eu me arrisquei. Por favor, desfrute desta incursão na terra das configurações, piadas, picadas e surpresas, e vamos ficar unidos por um breve momento, em risos e amor”, afirma.
E já que a bitch que está no topo pediu, eu resolvi atender e disponibilizo, logo abaixo, minha entrevista com ela, afinal, é como a própria canta em “Come To Brazil”: “No Brasil eles falam português, que é a linguagem do amor. Quer ouvir algumas palavras que eu aprendi a falar?”
Olá, Cracuda!
Oieeeee, migas!
Então, seu especial de comédia está chegando. Por aqui no Brasil é unânime que todos esperam comédia de você. Você pode nos contar como surpreender um público que já espera que você o faça rir?
Em primeiro lugar, estou chocada que alguém espere comédia de mim. Sempre fui estritamente uma rainha do glamour. Decidi finalmente ampliar meus horizontes e tentar ser bem-humorada e contar piadas. Vamos ver como vai ser.
Pessoalmente falando, sua trilogia de álbuns tem um valor histórico, porque eu atribuo a você um certo retorno da drag music, com a popularização de elementos musicais que são bastante utilizados por você, como: canto falado, menção de outras drag queens nas letras, etc. Qual é a sua opinião sobre isso?
Agradeço por essa observação. Sempre adorei fazer música que é da minha comunidade e para minha comunidade, então, falar sobre drag, drag queens e coisas relacionadas a drag é sempre algo que adorei fazer. E quanto a falar batendo por cima de uma batida eletrônica pulsante? Isso não é algo que eu inventei, e eu dou crédito a artistas como Jimmy James e Club 69 por serem os pioneiros neste tipo de música realmente agradável.
Quando se fala em Brasil, nomes como Pabllo Vittar e Miss Abby OMG vêm à mente. Se você tivesse que contar ao público brasileiro outras coisas que sabe sobre o nosso país, quais seriam?
Bem, minhas palavras favoritas são “Oieeee, migaaaas” e “Passivona”. Mas o que mais me chama a atenção é o calor humano, a gentileza e a ferocidade do povo brasileiro. Ter a chance de ir ao Brasil me apresentar tem sido um dos prazeres da minha vida. Acho que todos concordam que os fãs no Brasil estão entre os melhores do planeta.
Alaska, você alcançou fama mundial em RuPaul’s Drag Race, viajou pelo mundo, ganhou o All Stars 2 e deu milhares de entrevistas até agora. O que nunca lhe perguntaram em uma entrevista antes e você gostaria de compartilhar pela primeira vez?
Bem, eu nunca, em todos os meus anos, fui perguntada por qual motivo a minha boceta faz acrobacias tão ferozmente. Mas a resposta é simples: eu nasci assim, linda.
Muitas pessoas reclamam dos limites da comédia. Em que ponto ela deixa de ser engraçada e se torna ofensiva?
Eu acho que a comédia pode ultrapassar os limites e lançar luz sobre tópicos que são desagradáveis ou feios. Esse é o seu propósito. No entanto, também quero que as pessoas saiam do teatro se sentindo elevadas e fortalecidas – nunca diminuídas ou menos quê. Essa é uma distinção importante e tento o meu melhor. É um processo e os comediantes nem sempre acertam, mas eles têm um trabalho importante e, em última análise, estão tentando tornar o mundo um lugar menos assustador e menos horrível.
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Tradução das minhas perguntas: Thiago Paulo de Souza, estudante de letras da Unifesp/EFLCH.
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