Sua drag é sobre abraçar a beleza com a qual você foi abençoada. Sim, ela foi agraciada com muita. “Eu sou a beleza do sul e o grão de areia de Nova York”, afirma Scarlet Envy durante sua passagem pela 11° temporada de RuPaul’s Drag Race, em 2019.
Aos 28 anos de idade e nascida em Louisville, Kentucky, Scarlet já fazia arte antes de participar do programa que lhe alçou à fama mundial. Em 2014, formou-se no Instituto de Moda de Nova York, instituição pública sediada na mesma cidade que a acolhe até hoje.
E é nessa capital que a música lhe encontra definitivamente, no show “Reflections & Other Shiny Things”, realizado desde 2017:
“O meu show de uma mulher só é um cabaré, foi no teatro Laurie Beechman aqui em Nova Iorque, no início de maio, através do SpincyleNYC”, disse ao site ArtMagazine.
Além de ser um espetáculo para todas as idades e muito pessoal para a artista, Scarlet complementa que faz tudo com James Wilson, música original junto com alguns covers, um pouco de Patsy Cline.
[A cargo de informação: Patsy Cline é considerada a rainha do country. Faleceu precocemente, aos 30 anos, num acidente de avião monomotor pilotado por seu amante. Seu marido também estava a bordo e ninguém sobreviveu, porém, isso é assunto para outro texto, voltemos ao nosso assunto principal.]
Indo mais a fundo, é possível detectar traços e influências de Scarlet que vão além da já citada Patsy, como Lana Del Rey, Yma Sumac, Lypsinka, a princesa Diana e Scarlett O’Hara no filme “E o Vento Levou”, de 1939.
Estas influências puderam ser vistas em outro show, “Smoke and Mirrors”, pautado também pela estética do cabaré, realizado em fevereiro de 2018: nele Scarlet cantou ao vivo Press On”, música lançada como single mais para frente, em 19 de agosto deste ano.
Em 2019, após participar de Drag Race, Scarlet retoma “Reflections and Other Shiny Things”. No Instagram, em seis de junho, ela anuncia seu debute fonográfico, “Feeling Is Mutual”.
Com arte de Matthew Pandolfe, produção de Malcolm Fong e composto por Jacob Grady, aka Scarlet Envy, e James Wilson, coautor do hit “Purse First”, de Bob The Drag Queen, “Feeling Is Mutual” estreou no dia 29 de junho de 2019.
Ao ouvir esta música de Scarlet, o ouvinte detecta melhor alguns traços de sua personalidade. A letra, autoral, ajuda neste sentido, quando fala da obsessão de Scarlet pela cor vermelha, o Whisky, responsável pela economia de sua cidade e, óbvio, sua frase de entrada virando bordão e conduzindo uma música pop bem feita, com ares de Lana Del Rey e sensualidade vintage feito diva de cinema da época de ouro.
Na internet só existe um vídeo com Scarlet cantando, ao vivo, “Feeling Is Mutual”. O registro foi feito no Laurie Beechman Theatre, intitulado desta forma para homenagear a falecida Laurie Beechman, importante artista de cabaré da Broadway e uma conexão mais do que apropriada para a estética desta drag queen.
Este teatro intimista, com capacidade para 80 lugares, representa dois momentos importantes para Scarlet. Em primeiro lugar, foi nele que ela lançou-se, com o bio-drama “The Legend of Yma Sumac”; em segundo, durante sua temporada nele, Scarlet incluiu “Last Dance” no roteiro, sucesso de Donna Summer e a trilha sonora de sua triste saída da season 11.
“Bem, estou muito entusiasmada: Eu tive coisas lindas e loucas nos últimos meses, e é nisso que esse show foca. É refletir sobre como foi fazer Drag Race, como ainda é fazer Drag Race, e as mudanças de vida que eu vivi”, afirma em entrevista para à Art Play Magazine.
Até o momento, em termos musicais, Scarlet concentra uma carreira musical formada por dois singles. É de se esperar que apareça logo numa edição futura do All Stars, de preferência, cantando “Crazy”, de Patsy Cline, no show de talentos. Assim sonho eu. Até porque, no final do dia, se você não gosta dela, é como a própria já disse: “Você sabe que ela ama o espelho e ama você também. Te encontro tarde da noite na pista de dança”. Confira a versão de estúdio de “Feeling Is Mutual” a seguir.
Confira o meu #DragReview de “Press On” clicando aqui.