Entrevistas

Produtores executivos falam do futuro de RuPaul’s Drag Race

“Há mais Drag Race chegando a mais países, com certeza”. Os produtores executivos de RuPaul’s Drag Race falam sobre o que esperar do futuro do show.

🕓 7 min de leitura

“Há mais Drag Race chegando a mais países, com certeza”

Após 12 temporadas, vários spin-offs e incontáveis ​​rainhas, RuPaul’s Drag Race oficialmente se tornou a Copa do Mundo gay, celebrando o talento queer na mídia popular como nunca conseguido antes. Drag Race é mais do que apenas uma competição. Em um momento em que as pessoas LGBTQ + ainda enfrentam preconceito diariamente, é vital que as estrelas drags como RuPaul nos lembrem de nossa força e resiliência como comunidade.

O cofundador da World of Wonder, Randy Barbato, nos disse que “Drag salvará o mundo”, e ele pode estar no caminho certo. Não importa quem você seja ou de onde você vem, nosso Charisma, Uniqueness, Nerve e Talent [carisma, originalidade, coragem e talento] merecem brilhar, e programas como Drag Race ajudam as pessoas a aproveitarem isso, inspirando-nos a viver nosso ser mais autêntico. Me dão um amém?

O Digital Spy sentou com com Randy Barbato e o co-fundador da World of Wonder, Fenton Bailey, para discutir o futuro de RuPaul’s Drag Race e por que ele ainda é tão importante neste momento de criação de narrativas LGBTs.

Por que você acha que Drag Race está mais popular do que nunca em 2020?

RANDY BARBATO: É tudo sobre RuPaul, e tudo sobre as rainhas e seus corações. Este show é sobre conectar a quem muitas pessoas pensam que são heróis improváveis. Eles não são heróis improváveis ​​para nós. Eles são nossos heróis. Amamos essas rainhas, e acho que você pode sentir isso quando assiste ao show. As pessoas são inspiradas, emocionadas e entretidas. Então essa é a cocaína [viciante] do show, todas essas estrelas. Seu sucesso contínuo, e o fato de que este show genuinamente lança carreiras, é uma prova de que elas são, na verdade, todas superestrelas.

Para manter o programa sempre atualizado, temos uma equipe incrível de produtores que estão sempre tentando criar novas ideias e coisas divertidas. E Ru está constantemente pressionando todo mundo. Tipo, o que está por trás desse desafio? O que realmente estamos tentando fazer aqui? Todo mundo está realmente motivado para fazer uma boa TV.

FENTON BAILEY: O que as rainhas estão fazendo está se tornando essa manifestação de sua imaginação. E isso é uma coisa universal, seja você uma rainha ou não – acho que é universalmente atraente e identificável.

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As rainhas são o motor do sucesso do espetáculo, não só nos Estados Unidos, mas também internacionalmente. Acho que as pessoas ficaram felizmente surpresas com o sucesso de outros países também… Elas ficam tipo, “Oh, não tínhamos ideia que tínhamos tantas drag queens na Holanda”.

Randy Barbato e Fenton Bailey

Drag Race faz um trabalho maravilhoso explorando os desafios que as rainhas individuais enfrentaram em suas vidas, apenas por serem pessoas queer no mundo de hoje. Qual foi a parte mais desafiadora de desenvolver essa franquia para vocês dois?

RB: Nós tivemos muita sorte durante a história desse show. Quando o revelamos pela primeira vez, poucas pessoas estavam interessadas em comprá-lo. Mas assim que encontramos uma casa, tivemos parceiros incríveis. A VH1 tem sido um parceiro fenomenal de RuPaul’s Drag Race. Eles encorajam nosso tipo de insanidade criativa.

Portanto, temos muita sorte de termos ótimos parceiros que respeitaram o talento na frente e atrás da tela. Porque tivemos programas que enfrentaram problemas.

FB: Mas também acho, Randy, que demorou um pouco para encontrar aquela casa. Realmente, tem sido persistência, e não aceitar não como resposta. Temos uma pintura em nossa sala de reuniões, pintada por um amigo nosso, Trey Speegle, que diz apenas “SIM”. E a razão de termos esta pintura é porque gostamos de dizer:

“Não é o começo do sim”.

Ru chama isso de “perseverar”. Isso é absolutamente o mesmo para as próprias rainhas. É uma questão de perseverança e persistência. Portanto, esperançosamente, Drag Race permanecerá conosco por muitos, muitos mais anos. Gerações que virão!

Como é o futuro da Drag Race para vocês?

FB: No início deste ano, lançamos um show ao vivo em Las Vegas no [hotel] The Flamingo – Drag Race Vegas Live. Infelizmente, com o COVID, isso teve que ser pausado, mas estamos muito animados para trazê-lo de volta e reabri-lo. Também estamos empolgados em continuar reunindo programas relacionados à Drag Race, como UHNhhh e Gap Chat com Heidi N Closet, em nossa plataforma de streaming WOW Presents Plus.

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Porque o interessante disso é que está disponível em todo o mundo. E eu sinto que isso é parte dessa mudança fundamental, em rápida evolução, na maneira como as pessoas veem e assistem as coisas. Também há o surgimento de uma audiência global. Este é um show que começou nos Estados Unidos, tem público estadunidense, mas também encontrou, ao mesmo tempo, um público global.

Todo mundo agora espera ver Drag Race no dia em que o show for lançado, em qualquer país em que esteja. E eu acho que é algo que definitivamente gostaríamos de construir. Porque isso também carrega consigo, implicitamente, a ideia de que somos um mundo, somos todas as mesmas pessoas e estamos todos conectados. Este não é um momento para nacionalismo. Não é hora de construir paredes. Este é um momento de abertura e inclusão. E eu acho que é o que significa Drag Race.

RB: Eu acho que o que Fenton está dizendo é:

“Drag vai salvar o mundo”.

FB: [risos] Aí está.

RB: Nós realmente acreditamos nisso. Não somos movidos apenas por números ou negócios. Há algo realmente especial em estar conectado à nossa tribo e ser capaz de conectar pessoas. E então, seja DragCon ou WOW Presents Plus, é uma oportunidade de tornar essas conexões mais fortes. É também, obviamente, uma oportunidade de negócio, mas para nós sempre houve outra coisa que motivou isso.

Mesmo na World of Wonder em geral, Fenton e eu nunca estivemos dentro – estávamos sempre fora. Sempre fizemos programação gay – você sabe, há 100 anos! Temos milhares de anos. É tudo o que já fizemos e é tudo o que sabemos fazer. Porque o que fazemos é movido por nossa paixão e nossa identidade.

Existem planos para expandir potencialmente ainda mais em novos territórios?

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FB: Sim, existem planos! Há mais Drag Races chegando a mais países, com certeza, sim.

Como vocês decidem para quais países Drag Race será expandido?

RB: Eles nos escolhem, de certa forma. O sucesso da expansão global depende da parceria com mercados e entidades de produção e redes que são tão apaixonadas por Drag Race quanto nós. É por isso que teve sucesso. Se você observar a versão de Drag Race de cada mercado, saberá que é Drag Race, mas cada uma tem sua própria identidade. A equipe de produção e o elenco informam o sabor. E é por isso que acho que a Drag Race tem tido tanto sucesso em todo o mundo. É tudo uma questão de ir para a cama com as pessoas certas.

FB: Tivemos alguns falsos começos em alguns lugares, porque a série tem uma perspectiva particular e quem quer que esteja produzindo em seu território tem que entender isso.

Eu acho que vocês provavelmente não podem dizer, mas vocês tem algum exemplo de territórios específicos onde tiveram um falso começo?

FB: [risos] Não, não posso! Mas eu vou te contar algum dia durante uma bebida.

Falando em expansão, vocês consideraram incluir drag kings e talentos trans em futuras versões de Drag Race?

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FB: Sim. Nosso mantra constante é

Charisma, Uniqueness, Nerve e Talent [carisma, originalidade, coragem e talento], e isso não exclui ninguém”.

Então, há potencial no futuro?

FB: Sim. Quero dizer, obviamente não podemos revelar futuros elencos. Então, até o momento certo, tudo será revelado.

RB: E tem havido pessoas trans no show. É “Charisma, Uniqueness, Nerve e Talent” [carisma, originalidade, coragem e talento], então não seria uma notícia nas manchetes. Para algumas pessoas seria, mas sim.

RuPaul recebendo o Emmy 2018 de melhor reality show.

Olhando para trás em suas carreiras até agora, de quais conquistas vocês mais se orgulham?

RB: Eu diria apenas, estou muito orgulhoso de ainda estarmos por aí e ainda produzindo. [risos] Mais da metade da batalha é a sobrevivência. Basicamente, construímos a World of Wonder em um muro de “nãos”. Isso pode ser muito exaustivo. E o fato de ainda estarmos por aí e ainda termos muita energia é o que mais me orgulho.

FB: Crescendo como um garotinho gay na Inglaterra, eu sempre quis ir para Hollywood. “Fenton vai para Hollywood”. É disso que mais me orgulho [risos]. Eu me lembro, Randy e eu nos conhecemos na escola de cinema há muito tempo. A escola de cinema era ótima, mas pulávamos nossa aula de edição de filmes, porque era um pouco entediante e, em vez disso, íamos a uma boate secreta chamada The Pyramid. E é aí que ficamos realmente expostos a essas drag queens.

Eu nunca tinha visto The Lady Bunny. Eu nunca tinha visto Sister Dimension, Happy Face ou Taboo. E ver isso foi tipo, “Oh meu Deus. Há algo lá fora que é melhor do que o quê está aqui agora”. Era esse sentimento do tipo: “É isso. É aqui que eu pertenço”. E é por isso que, para mim, está se tornando um pouco uma batalha agora, porque esta não era a América para a qual vim quando era um garotinho gay. Faça a América gay de novo!

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RB: [risos] Os sucessos que tivemos nos ajudaram a expandir o que temos feito naturalmente desde o início de nossas carreiras, que é focar nossas lentes e nossa atenção nos marginalizados. Porque é com quem nos conectamos. Nós somos assim. Mesmo neste ano, produzimos de forma independente uma série de documentários incríveis, um sobre David Wojnarowicz – um artista incrível do East Village dos anos 80; um documentário do Big Freedia que acabamos de anunciar; e estamos terminando um documentário com Michelle Visage sobre sua jornada pela redução de mama.

As histórias que contamos ou as pessoas por quem somos atraídos… Não são necessariamente o material típico aprovação das grandes emissoras. Portanto, o fato de termos conseguido correr atrás e financiar esse tipo de história sem esperar que outra pessoa nos desse permissão ou grana para isso… Estou orgulhoso disso. E esperançosamente, esse continuará a ser nosso futuro.

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