No último domingo, 14 de junho, rolou a Live da Parada LGBT 2020, o evento aconteceu no YouTube em virtude da pandemia do Covid-19.
Dentro os convidados estiveram vários influenciadores da nova geração, mas artistas LGBTs antigos ficaram de fora, como Silvetty Montilla e Kaká di Polly, nomes importantes da militância LGBT de São Paulo que estiveram presente na primeira Parada do Orgulho da cidade há mais de 20 anos.
Kaká di Polly foi a primeira a se manifestar sobre a falta de convite a ela e outras drags lendárias nesta live.
“Parabéns à Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT/SP), por não deixarem esse dia sem celebração, mas eu, assim como muitos artistas da noite, aqueles que estiveram desde a primeira parada com poucas pessoas na Paulista, onde me joguei na rua para que a Parada pudesse prosseguir, quando era proibida pela polícia, se sentiram esquecidos, revoltados, desrespeitados e entristecidos com a ausência desses que, há anos, se dedicaram à Parada sem receber um tostão, apenas pela militância tanto apregoada pela Associação. (…) O novo é sempre bem-vindo, mas a história jamais pode ser esquecida. (…) O pior de tudo é que, quem fez a história sempre fez por amor e pela causa, por militância e bem sabemos que todos foram pagos e patrocinados para estarem ali. Outra coisa, para que pedir dinheiro sendo que grandes patrocinadores injetaram grandes somas? Queremos saber onde foi parar esse dinheiro, que destino vai ter e o que vai ser feito dele. Sabemos que pelos patrocinadores a escolha foi feita pelos Youtubers e seus números de seguidores, mas cabia à Associação ter alguém para não deixar cair no esquecimento uma luta nossa de 23 anos”, a declaração completa pode ser lida aqui, a seguir trecho do desabafo da drag.
“Cadê o convite de Silvetty Montilla, onde foi parar o nosso nome?”. Me arrepiei com as palavras de Kaká Di Polly sobre a parada virtual LGBT que rolou no último domingo e não ela e outras lendas que pavimentaram o caminho pra nós LGBTs.
— Draglicious | draglicious.com.br #dragrace (@dragliciouz) June 18, 2020
“Nós temos que parar de ficar caladas”
Silvetty fez o mesmo ao postar seu desabafo no Instagram. A rainha disse que não estava ali para “brigar” com nenhum dos influencers da live, pois reconhece a importância deles no cenário nacional. A rainha pontuou que é importante dar espaço sim a pessoas novas da comunidade LGBT+, mas que também é essencial que se lembre das figuras históricas que ajudaram a pavimentar o caminho para que artistas como Pabllo Vittar e Gloria Groove pudessem existir e fazer sucesso, citando a ícone Miss Biá, que faleceu recentemente (leia aqui).
Montilla então questionou aos organizadores do evento porque não convidaram os ativistas e drags que escreveram a história da Parada. Silvetty ainda revela que há anos não faz a Parada de SP não só por ter dado espaço a outras drags, mas também porque há organizadores do evento que não gostam dela. A rainha desmentiu a notícia de que foi convidada e espera esclarecimentos do envolvidos sobre o suposto convite.
Confira o desabafo de Silvetty a seguir:
Silvetty é gigante, amo de coração, os vídeos delas se apresentando em boates que tem no YouTube já embalaram muito minhas noites de sábado. Devemos eterna gratidão a Silvetty Montilla e as outras lendas drags que pavimentaram o caminho e militância LGBT para podermos hoje colocar a cara no sol. E é sempre bom lembrar, NÃO EXISTE MILITÂNCIA SEM HISTÓRIA!
Confira a seguir trecho de um vídeo da primeira Parada LGBT do Brasil que contou com a participação de Silvetty e outros ícones drag.
A Silvetty Montilla (@silvettymontila) postou este registro raro da primeira Parada do Orgulho LGBT do Brasil, que rolou em São Paulo em 1997. Precisamos sempre lembrar e celebrar nossa história. Valorizar essas lendas que pavimentaram o caminho para hoje botarmos a cara no sol! pic.twitter.com/yRlYgLdSj1
— Draglicious | draglicious.com.br #dragrace (@dragliciouz) June 23, 2020