“30 dias em transição” é um compilado especial de Gia Gunn relatando seu processo de transição. Confira a seguir a oitava parte.
22º Dia (22 de abril) | AMIZADES
Amigos sempre tiveram um grande papel em minha vida. Crescendo, eu tinha principalmente amigas heterossexuais cisgeneras, mas ninguém que era como eu, nem mesmo uma pessoa gay. Eu tive uma melhor amiga, Iris Crystal que eu conheci no jardim de infância e até hoje ainda somos melhores amigas! De alguma forma eu sempre me senti excluída porque não era “uma das garotas”. Havia limitações e uma linha traçada às vezes era confusa e não parecia correta. Foi só quando completei 18 anos e me formei no ensino médio que comecei a frequentar os clubes gays em Chicago e comecei a descobrir amigos que eram como eu. Colocar-me lá fora e não colocar um limite nos caras que eu estava aberto para conhecer, fez de mim a pessoa que sou hoje. Infelizmente, quando comecei a minha transição, senti algumas das minhas antigas amizades mudarem. Eu estava viajando quase todo fim de semana que não me permitia estar presente em suas vidas diárias. Foi só uma questão de tempo que essas amizades começassem a desaparecer e eu estava sentindo menos amor na minha cidade. Infelizmente desencorajada, mas determinada a sair de Chicago e fazer uma nova vida para mim, conheci uma pessoa a quem podia recorrer. Meu bom judiciário, Jay Jackson (Laganja Estranja), que nunca saiu do meu time desde a sexta temporada de Drag Race. Nós tivemos algo especial que eu não tinha conseguido de mais ninguém na minha vida. Nós tínhamos semelhança em nossos trabalhos, estilo de vida e metas para ser estrelas em ascensão! Por meses, Jay gentilmente ofereceu sua casa e me encorajou a fazer uma nova vida para mim em Los Angeles. Aceitei sua gentil oferta e me mudei para o quarto dele. Dormindo em um colchão de ar para o que se transformou em meses, enquanto tentava me tornar financeiramente estável o suficiente para sair por conta própria, nós dois realmente nos unimos e nos tornamos amigos leais. Criamos uma amizade de confiança, compreensão e uma zona segura, livre de julgamento e onde poderíamos compartilhar quantidades infinitas de riso e amor. Jay realmente tem sido um dos amigos mais leais que eu já tive e eu sempre apreciarei a quantia de bondade que ele compartilhou comigo. Em novembro de 2017, nos mudamos para nossa própria casa e estamos curtindo a criação de nosso novo espaço de criatividade e vida inspiradora juntos como melhores amigos.Eu amo você amigo!
23º Dia (23 de abril) | INSEGURANÇA
Um dos obstáculos que alguém enfrenta é a insegurança, que também faz parte de muitas pessoas. A insegurança que vem de alguém ao descobrir sobre você podendo te maltratar. Desde que eu estava na minha terapia para substituir os hormônios por estrogênio, me senti mais frágil e fraca. Embora eu tenha tomado a decisão certa para mim, havia algo sob a terapia química/mental que estava acontecendo comigo. Achei que tudo seria fácil e que as inseguranças seriam cada vez menores. Como é que me sentia insegura? Mudanças! A razão pela qual eu me senti assim e, foi aí que percebi o que as mulheres passam diariamente. O privilégio de ser homem por 25 anos não o tinha mais. Eu estava cansada de estar sempre na guarda dos homens. Eu também pensei que minha irmã biológica estava passando pelo mesmo. Depois de conversar com Sonique sobre isso, ela me garantiu que com o tempo esse medo seria menor. E também seria mais confortável. Levei um tempo para relaxar com minha nova vida e agarrei os esforços para ter confiança. Essa confiança me permitiu estar mais relaxada e mais reflexiva da minha nova realidade e descoberta.
24º Dia (24 de abril) | REFLEXÃO
Quando nos olhamos no espelho, o que vemos? Um reflexo de quem somos, do que somos feitos e um lembrete de nosso atual estado de existência. Passei muitos anos me olhando no espelho e não sabendo o que via. Não um homem, não uma mulher, só eu. Quem quer que essa pessoa fosse, eu me recusei a deixar que os rótulos me definissem. É importante refletir sobre nossas vidas de vez em quando e prestar atenção ao que surge. Para mim, houve um padrão de situações negativas indesejadas que continuaram surgindo em minha vida cotidiana. Não foi até eu ter tempo para refletir sobre o papel que eu estava jogando nesses cenários que eu percebi que estava com raiva. Zangada com as pessoas por confundirem meu gênero, zangada com o mundo por me fazer viver essa vida e zangada quando me chamavam de “drag queen”. Enquanto algumas pessoas diriam “mas você é uma drag queen”, eu sabia o quanto trabalhei para chegar a esse ponto de transição e para aqueles que estão familiarizados com esses estilos de vida sabem que há uma grande diferença. No início de uma transição, pode ser comum as pessoas errarem o seu gênero. Mis-gendering significa referir-se a um indivíduo como o sexo oposto ao qual eles se apresentam ou se identificam.
Confira as demais partes deste especial (você acabou de ler a parte 8):